Lemos com muito interesse um documento que visa orientar os médicos clínicos como realizar tratamentos ortopédicos/traumatológicos no dia a dia nas suas unidades de trabalho. As informações contidas nesse documento foram elaboradas com qualidade técnica e didática, que nos permite dizer que são irretocáveis. O objetivo principal dessas informações seria capacitar os médicos clínicos para promover o atendimento ortopédico/traumatológico nesse primeiro contato, suprimindo a necessidade de um atendimento com esses especialistas, e desse modo aumentar a oferta de consultas especializadas, as quais seriam reservadas a casos mais graves.

            A proposta fim desse documento, significa um retrocesso na utilização de tudo que um especialista pode oferecer ao paciente, tanto em termo de conhecimento específico, como na aplicação do avanço tecnológico que a especialidade tem disponível no seu arsenal terapêutico. Para nós, uma proposta como esta não ajudará na melhora do atendimento de direito constitucional do cidadão, a saúde, e tenta esconder a realidade da oferta deficiente de um serviço público de saúde, precário e desestruturado, que sempre penaliza não só usuários como também os profissionais que atuam na linha de frente.

            O modelo proposto nesse documento, certamente não trará benefício a nenhuma das partes. O médico clínico que será obrigado a atender doenças específicas de uma especialidade para a qual não foi treinado, e o usuário do serviço público de saúde que não receberá um atendimento adequado. Não é com um simples manual de procedimentos na mão que um clínico competente se transformará num especialista em ortopedia. Mais do que conhecimento teórico, é necessário treinamento.

            A solução da falta de oferta de consultas com os especialistas, certamente não está nessa manobra. Ela será mais uma medida semelhante ao Sisreg, que acabou com as filas presenciais, onde os usuários se digladiavam por uma ficha para atendimento médico, após uma noite de espera em locais nem sempre seguros. Hoje, o Sisreg agenda as consultas por meios eletrônicos. Mas, o tempo de espera pelo atendimento em nada diminuiu. Em muitos casos esse atendimento se torna desnecessário porque o paciente já foi a óbito, ou alcançou a “cura espontânea”.

Dr. Nivaldo Amaral

Diretor Tesoureiro do CREMAM

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