O atendimento de urgência em Manaus, até pouco tempo, era considerado um dos melhores do Brasil. O serviço era feito por cooperativas e por formas prestadoras de saúde para o Estado. Tínhamos praticamente no plantão todas as especialidades, médicos qualifcados e imbuídos de espírito humanitário em prestar um bom atendimento. Atualmente, acredito que a urgência no Amazonas está entre as piores do Brasil, devido unicamente a má gestão do recurso público que deveria ser investido na saúde. Há falta de insumos essenciais para atendimento aos pacientes. Faltam leitos, materiais cirúrgicos sucateados, medicamentos, exames complementares, radiologia sem condições funcionais, pacientes internados em macas e, ocasionalmente, em cadeiras.

O Governo Federal nos últimos 10 (dez) anos fechou 18.000 leitos do SUS e concomitantemente com 13 milhões de desempregados, que em parte tinham planos de saúde, passaram a utilizar o SUS para atendimento médico. Frequentemente cirurgias são suspensas por falta de insumos básicos e essenciais na urgência, tais como: heparina, órteses, próteses, leitos em UTI, aparelhos de anestesia, leitos de RPA para suporte pós-operatório, entre tantos outros que reprimem uma quantidade enorme de pacientes aguardando cirurgias. Estima-se que hoje existem aproximadamente 11.000 pessoas na fila de espera.

Para agravar ainda este quadro caótico da saúde, as cooperativas e/ou outros terceirizados que prestam atendimento nos Pronto-Socorros e Hospitais estão em média de 3 a 4 meses sem receber. Vale lembrar que os médicos mais jovens, em sua maioria, dependem desse salário para cumprir os seus compromissos, tais como: prestação de apartamentos, carros, escola particular do flho, supermercado etc. Os mesmos estão recorrendo a empréstimos bancários para poderem honrar os seus compromissos pessoais.

Precisamos de gestores compromissados com a saúde e que atuem com responsabilidade evitando subtração de recursos, paguem em dia não somente os médicos, mas todos os que participam no atendimento ao paciente, como enfermeiros, atendentes, recepcionistas, maqueiros etc.

Infelizmente, estamos na contramão da história. É de conhecimentos público e notório que a educação e a saúde são o alicerce para o desenvolvimento de uma nação, mas os nossos gestores ignoram esse binômio, que alavancou vários países a alcançarem uma qualidade de vida de países desenvolvidos.

Precisamos cobrar das autoridades, através de manifestações pacífcas, o cumprimento da Carta Magna de que a educação e a saúde são direitos do cidadão e um dever do Estado.

Precisamos expurgar defnitivamente aqueles cidadãos que se utilizam da propina como meio para se perpetuarem no poder e ainda mais adquirirem verdadeiras fortunas através de subtração ilícita de recursos públicos.

Devemos fazer uma verdadeira faxina na administração pública em geral, punindo duramente todo e qualquer cidadão que se apropriou em benefício próprio de recursos públicos, condenando-o a prisão e a devolução do patrimônio adquirido ilicitamente. Somente assim poderemos voltar a acreditar na Justiça e eliminar a retórica de que o crime no Brasil compensa.

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